Chamamos de transtornos do espectro autista, ou simplesmente TEA, o transtorno global do desenvolvimento (CID-F84-0), que vem sendo palco de muitas pesquisas e buscas de informação devido ao grande crescimento de casos identificados. Nos Estados Unidos estima-se atualmente 1 caso para cada 36 pessoas, sendo que a proporção por sexo é que em cada 5 pessoas com autismo, 4 são do sexo masculino.
Considerando a inexistência de exames que definam se existe ou não o transtorno de forma objetiva e clara e muito menos com relação ao nível (leve, moderado ou severo), atualmente o diagnóstico se dá por avaliações que podem ser certas ou não, sem considerar que a maioria dos casos verdadeiros são relacionados a grau leve de autismo e que não justificariam dedicar um tempo tão precioso da vida da criança em uma clínica de tratamento ABA (Applied Behavior Analysis ou Análise do Comportamento Aplicada), a qual poderá causar sérios danos e atrasos ao desenvolvimento para este indivíduo na adolescência.
Com a inclusão deste procedimento não médico e caríssimo nas coberturas dos planos de saúde, já acusamos reajustes de mais de 30% na mensalidade de alguns contratos, uma vez que quem paga todas as coberturas que o plano de saúde cobre é sempre o cliente final.
O SUS também incluiu as coberturas oferecidas no método ABA, bem como todas as demais coberturas. Porém, nem sempre o cliente pode aguardar o tempo de espera. Como exemplo, a espera para realização de uma ressonância magnética chega a 5 anos no SUS.
Com isso, vemos pessoas optando por atender suas necessidades pessoais na rede privada. Os próprios governantes nos dão uma indicação clara desta necessidade. Além disso, eles não teriam filas de espera pelo SUS, mas fazem seus procedimentos em hospitais como Sirio Libanês (SP) entre outros, normalmente através de planos de saúde e pagos pelo recurso público, ou seja, por todos nós (o impacto dos aumentos não fazem nenhuma diferença na vida deles).
Impulsionadores e influenciadores de opinião pública, como é o caso do apresentador Marcos Mion, certamente podem pagar este aumento. Porém, para as milhares de pessoas que tem uma renda bem menor, não podem ser suportar estes custos e passam a depender totalmente do SUS, inclusive para consultas e exames, como é o caso citado anteriormente.
O autismo não é uma doença: é uma condição.
Não deve ser buscado cura, mas deve-se compreender e desenvolver suas competências cognitivas e relacionais.
Vemos na maioria dos casos uma capacidade analítica muito acentuada, a qual certamente trará grandes benefícios para a sociedade.
Com relação às questões sensoriais e relacionais, o amor dos pais e professores serão certamente um caminho de inclusão. Além disso e quando possível, a presença de um PET, como um cãozinho por exemplo, ajuda em muito a desenvolver uma relação afetiva sem cobranças e preconceitos. Certamente a ampliação da compreensão e valorização para esta realidade é o caminho a ser seguido. Assim como já acontece, pessoas com esta condição já estão transformando nosso mundo em um lugar melhor, com soluções às vezes inimagináveis para os que não possuem
esta condição e infelizmente ainda chamamos de normais, como se o autista não fosse também uma pessoa normal.
Espero que em breve aprendamos que ser diferente não é ser anormal e nos tornemos, de fato, uma sociedade inclusivista e muito mais evoluída.
Silvio Toni Diretor MyBro e Presidente do Sindiplanos
Até breve